terça-feira, 4 de junho de 2013

Primeiro estranha-se, depois entranha-se.

Quando perdemos alguém que não queríamos perder passamos por aquela fase catastrófica. Perdemos o apetite, muitas coisas deixam de fazer sentido, não fazemos nada sem que hajam flashes na nossa cabeça de pequenas situações que queremos recordar, voltar a viver e nunca perder. Vivemos de uma forma que não é viver, é levar a bola para a frente só mesmo porque somos obrigados. É como se nos retirassem a loucura de viver, sorrir, o chão que pisamos. São noites mal dormidas, pesadelos constantes, lágrimas e mais lágrimas que mais parece uma tempestade. É um sobreviver que dói, custa, magoa, mas que nos faz pôr pé à frente de pé para que consigamos seguir a nossa vida.
Infelizmente, na vida acabamos por perder muitas pessoas que amamos e não queríamos. Perdemos pessoas que infelizmente não continuam entre nós e perdemos as outras pessoas, aquelas que continuam a vida delas como se nada fosse e deixam a nossa como se um tornado nível 5 tivesse passado pelo nosso coração. 
Não  digo que aquelas pessoas que nos deixam porque chega a hora delas não nos deixe no mesmo estado, mas aí, além do sentimento de injustiça e de tristeza que nos invade pela perda de uma pessoa querida e que nos fará falta para o resto da vida e que nunca poderemos voltar a abraçar, encontrar o conforto do colo, as palavras sábias, os mimos, a compreensão, entre outros mil sentimentos que nos irão fazer falta e que jamais poderão ser substituídos, sabemos que essa pessoa não volta mais. Sabemos que acabou. Por mais que a amemos sabemos que não vai voltar.
Mas voltando ao, amor e ao rasto de destruição de tornado nível 5 que faz na nossa vida, a perda de um amor faz-nos ter de aprender a viver. E já aprendi a viver algumas vezes, não muitas porque também não ando por aí a amar tudo o que mexe. Mas já conseguiram roubar-me o chão debaixo dos meus pés assim umas duas a três vezes. Talvez umas com mais intensidade que outras. Não digo que tenha amado loucamente essas pessoas, mas para o meu chão tremer é porque foram de certa forma importantes.

O pior desta perda é a amizade que se vai pelo cano de esgoto. Não é fácil ser amigo daquela pessoa com quem já partilhámos uma idealização de vida. Pelo menos eu não consegui, ainda hoje falo com algumas pessoas que permaneceram na minha vida mas sei que não é o mesmo, nunca pode ser.
A segunda coisa pior é a mentira. Sempre ouvi dizer que a verdade dói uma vez e a mentira dói sempre e é pura verdade. Não consigo lidar muito bem com a mentira e muitas vezes estas coisas estão relacionadas com a mentira, pois as pessoas não devem assumir algo que não sentem, ou, pelo menos devem sempre abrir o jogo.

Enfim, mas onde queria eu chegar... há era aquela fase em que já reconstruímos a nossa vida e que o tornado nível 5 é só uma visão lá bem no fundo do caminho que deixámos para trás. Pois bem, esse caminho é demasiado complicado e é muito variável. É uma luta constante mas que é possível ultrapassar e que com o tempo, oh esse sacana que é o nosso melhor amigo nesta situação, chegamos à total reconstrução.
Esse é um dos caminhos com mais atribulações pelo caminho. Por vezes as outras pessoas não facilitam, às vezes aparecem como que por milagre. E as redes sociais são uma merda nisto do superar o amor. Passam a vida a nos espetar na cara coisas que não queremos ver, relembram-nos do que não queremos e fazem-nos encarar coisas que são capazes de nos levar às mazelas iniciais. Mas é como tudo na vida, a perda do amor primeiro estranha-se, depois entranha-se. 

1 comentário:

  1. E a conclusão que se tira é mesmo essa: custa muito, muito, muito ao inicio a ausência da pessoa, das mensagens, etc... mas depois voltamos a habituar-nos a estar sós... por isso é isso mesmo: "primeiro estranha-se, depois entranha-se" e vemos que a tempestade já lá vai e volta o bom tempo! ;)

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