sexta-feira, 8 de junho de 2012

A pressão dos 30 (aviso a toda a população, texto longo e chato)

Não sei se isto afecta ou afectou alguém da mesma forma que me afecta a mim. EU não vejo o aproximar dos 30 como algo catastrófico ou assustador. Eu vejo os 30 como mais um patamar atingido. 
Porém, à minha volta e no meu meio (família) há muita pressão à volta dos 30. 
Eu já conquistei algumas coisas ao longo da minha vida, pelo menos acredito que sim. Mas a minha familia acha que não. Os meus mais próximos acham que eu ando aqui só a encher chouriços, só a passar tempo.
Para toda a minha família eu sou a imprestável que vive às custas da mãe. Não vivo assim tanto às custas dela. Eu pago toda a minha comida, eu pago gás, agua, tv e electricidade todos os meses e que essas despesas rondam os 150€ mensais mais o dinheiro para a renda (não integral mas uma parte, agora até tenho colaborado menos por causa de umas despesas mais pesadas que me apareceram). Nesta casa não falta nada porque tudo o que avaria é substituo por novo, já comprei muitos electrodomésticos para a casa e muitas outras coisas. Faço compras mensais de todos aqueles artigos que fazem falta numa casa e entre outras coisas. 
Admito que não sou eu quem trata da roupa porque a minha mãe não aceita a minha forma de fazer as coisas (por mim, a roupa muito bem estendida e depois de recolhida bem dobrada não precisa de ser necessariamente passada a ferro/engomada) mas se tiver sozinha trato disso também e tenho roupa para vestir sempre. Não faço muitas das limpezas porque para a minha mãe nunca fica feito como ela quer e da forma como ela quer e para evitar mais brigas e chatices preferi só fazer quando estou sozinha.
No entanto, para toda a minha familia eu sou a imprestável que vive às custas da mãe e que não faz nada de útil, pois durmo até tarde e deito-me tarde e não tenho horários para nada. Eu trabalho na restauração. O boteco onde eu trabalho fecha sempre à meia noite e nunca saio de lá antes da 1h da manhã. Tenho este tipo de horários há anos e nunca ninguém os percebeu bem, nem fizeram o mínimo de esforço de perceber que este horário é diferente dos habitual das 9h às 5h.
 Dizem-me que eu tenho de crescer e ser independente e sair debaixo das saias da mãe. Eu acho que devia fazer como uma pessoa que conheço que foi realmente independente mas antes disso viveu à minha custa ainda durante uns tempos até que eu disse o basta. Acho que devia sair de casa e ir para um quarto alugado dividir casa com estranhos e não pagar renda à espera que por obra de Deus nosso Senhor ela apareça paga, estoirar cartões de crédito e no fim deixar isso tudo para a minha mãe pagar. Acho que devia ser independente e deixar o carro sem seguro e sem inspecção e avariado para a minha mãe arranjar e quando precisar de comer ir à casa da minha mãe fazer compras. Acho, sem dúvida alguma, que é melhor ser independente sozinha, sem mãe por perto (mas vivendo às custas dela) e viver com estranhos do que ser independente e viver com a minha mãe por uma questão de gestão de fundos (ironicamente falando).
Depois, além de viver com a minha mãe aos 30, ainda temos o facto de eu ser solteira e gostar (tem dias que não gosto) de ser assim, livre de compromissos e de não desejar com todas as minhas forças ter filhos. Não é que não queira, porque obviamente que gostava mas, não faço disso objectivo de vida.
Talvez a minha visão seja a errada, talvez eu seja a imprestável e acomodada que todos acham. E sim, admito que estou acomodada a esta vida, mas se surgisse a oportunidade eu adaptar-me-ia bem na mesma. Não me sinto imprestável com quase 30 anos, apenas com todo o fechar de portas à minha volta apenas procuro a janela por onde sair.  E, muito sinceramente, gostava bem mais que essa janela fosse aqui, no meu país, do que por este mundo fora.

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